sexta-feira, 4 de junho de 2010

Mais uma desse grande curral chamado Minas Gerais...

Direto do Sitio do Novae...

com esse texto, fico pensando na coisas que escuto. Vivemos em país aparentemente democrático, essencialmente facista. Forcei a Barra? Bom pelo menos os publicitários (eu adoro viver perigosamente...) aprenderam bem com Goebbels, aliás, será que eles lêem o Goebbels?? Fico com a sensação de a publicidade serve como um escárnio aos movimentos sociais...



Dom Aécio I e o Palácio dos Inválidos

28/05/2010

(José de Souza Castro)

Vejo essa campanha publicitária do Governo de Minas Gerais sobre o “choque de gestão”, protagonizada pela atriz Regina Casé, da TV Globo, como um sarcasmo contra milhares de professores estaduais mineiros que estão, neste momento, lambendo as feridas da greve de 47 dias por um salário de 1.321 reais por mês.

Eles não ganharam nada e, além de queda, coice!

Pois, para esses professores humilhados, só pode soar como sarcasmo o bom humor da atriz, que deve ter motivos excelentes para estar feliz. Por que o governo não divulga qual o valor do cachê pago a ela, para que todos nos regozijemos juntos?

“Você sabe o que é choque de gestão?” – pergunta Regina Casé a um pobre homem, e, para facilitar a resposta, ela faz um amplo gesto com a mão. Ele: “Ah, a Linha Verde!”. Ela: “O viaduto…”.

A câmara, piedosamente, não mostra a cara do homem caindo ao chão.

E o que dizer do papo da atriz com uma turma de alunos de uma escola estadual? Ela fica tão feliz com as respostas à pergunta, que até pergunta se um deles quer casar com ela. (Brincadeirinha: Regina Casé é bem casada com um diretor de televisão.) Que grupo alegre de alunos! Tão diferentes de seus pobres professores…

Mas, como gastar tanto dinheiro com uma campanha publicitária para enaltecer o principal programa do governo Aécio Neves e do candidato dele ao governo de Minas, Antonio Anastasia, se não há dinheiro para melhorar o salário dos professores?

Nenhum mistério aí. Pode-se gastar com a campanha publicitária, porque dinheiro não é problema para isso. Aliás, faltasse esse dinheiro, faltaria também o apoio ao governo, dado tão desinteressadamente pela honrada imprensa mineira.

A Síntese da execução fiscal do governo de Minas, até março de 2010, que pode ser vista aqui
http://www.fazenda.mg.gov.br/governo/contadoria_geral/files/natureza0310.htm, informa: Total da Receita: R$ 10.907.645.916,90. Total da Despesa: R$ 9.128.891.680,00.

Com o saldo de mais de 1 bilhão e 778 milhões de reais no fim do governo Aécio Neves, é possível até construir uma nova Cidade Administrativa e um novo palácio. Afinal, quatro palácios para o governador, é muito pouco.

Falando sério: “choque de gestão” é um emblema muito pequeno para as ambições de Aécio Neves, o homem por trás de Antonio Anastásia. Para quem vem sendo apontado pela imprensa brasileira como o dono dos votos dos mineiros, Aécio poderia escolher como símbolo o Sol. Luís XIV, o construtor do Palácio de Versalhes, para quem “L’État c’est moi”, certamente não se importaria em ver seu símbolo tomado de empréstimo pelo Rei dos Mineiros.

O risco é que seus súditos orgulhosos queiram que Aécio também construa outras coisas que não palácios, a exemplo do rei francês. Por exemplo, um Canal Midi, de 240 km, para transportar para dentro do próprio território mineiro as riquezas aqui produzidas. (Não vale o mineroduto de 530 quilômetros para transportar o minério de ferro da região de Conceição do Mato Dentro até o litoral fluminense e dali para outros países.)

Ou um Hôtel des Invalides. Ah, esse Palácio dos Inválidos, construído pelo Rei Sol, pode ser uma boa ideia a ser imitada aqui, de preferência na capital.

É para lá que poderiam se recolher os professores estaduais, depois de se aposentarem! Ou antes disso…