sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Um discurso bem recorrente...

Após a reclamação da minha leitora preferida, segue mais uma reflexão... Esse texto saiu no sitio "final Sports" e uma reflexão sobre esse tema é extremamente necessária.


Em audiência na Câmara, COB defende educação física nas escolas
27/11/2008 - 22:07:10 - por FS - AI COB

Investir na base e na formação esportiva das crianças desde a escola, fazendo com que a Educação Física seja valorizada na grade escolar. Este foi um dos caminhos apontados pelo Comitê Olímpico Brasileiro para criar uma cultura esportiva no país e fazer do esporte uma ferramenta de educação e socialização no Brasil. A defesa do COB ocorreu nesta quinta-feira, dia 27, durante audiência na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, que se reuniu para falar sobre as Olimpíadas Estudantis, que integram as Olimpíadas Escolares e as Olimpíadas Universitárias. Na audiência, o COB esteve representado pelo presidente, Carlos Arthur Nuzman, pelo superintendente executivo de esportes, Marcus Vinícius Freire, e pelo gerente do departamento de eventos, Edgar Hubner.

"Precisamos valorizar o professor de Educação Física e a prática esportiva nas escolas, de forma a permitir que as crianças e jovens possam conhecer e praticar os valores do Olimpismo. Este é o início de tudo. Não adianta a Educação Física ser obrigatória por lei e não ser cumprida, seja pela escola não ter instalação esportiva ou por ser praticada de forma inadequada e que não atenda aos anseios do esporte e da educação", explicou Nuzman.

As Olimpíadas Estudantis foram criadas em 2005 a partir de um convênio com o Ministério do Esporte e com as Organizações Globo e tem como objetivo recuperar e incentivar a prática esportiva nas escolas, estimular a prática do esporte escolar com fins educativos e ampliar o ambiente para o desenvolvimento dos talentos esportivos. É um projeto que vai até 2012, podendo ser renovado até 2020. De forma a permitir o equilíbrio técnico da competição, as Olimpíadas Escolares são divididas nas categorias de 12 a 14 anos e de 15 a 17 anos. O evento conta com nove modalidades: atletismo, basquete, futsal, handebol, judô, natação, tênis de mesa, vôlei e xadrez. Além disso, a cada ano as Olimpíadas Escolares vêm proporcionando aos participantes uma série de atividades paralelas relacionadas à cultura, ao meio-ambiente e ao turismo, bem como palestras de técnicos e de atletas olímpicos.

Em 2005, o COB arcou com 100% das despesas das equipes que disputaram a fase final das Olimpíadas Escolares, tendo como fonte de recursos o percentual (10%) da Lei Agnelo/Piva que o COB é obrigado por lei a investir no esporte escolar. Como os valores oriundos da lei não seriam suficientes para manter a competição ao longo dos anos, a partir de 2006, conforme informado na época às secretarias estaduais, o COB diminuiu gradativamente o subsídio ao transporte. Já em 2008 esse item foi coberto integralmente pelas secretarias estaduais, cabendo ao COB os custos com a organização do evento, aquisição e aluguel de equipamentos, alimentação, hospedagem em hotel (padrão três estrelas) e arbitragem. As cidades-sede entram com uma contrapartida em termos de serviços, como, por exemplo, transporte interno das equipes, segurança, montagem do comitê organizador e atendimento médico. Hoje, exceto os custos de transporte entre os estados e a cidade-sede, cada edição das Olimpíadas Escolares custa aproximadamente R$ 3,5 milhões para o COB.

Em três edições (2005, 2006 e 2007), as Olimpíadas Escolares já reuniram cerca de 4,3 milhões de alunos nas seletivas municipais e estaduais (fases classificatórias) e na fase nacional das duas categorias. Somente na fase nacional, que corresponde à fase final da competição, em 2008 foram 2.755 atletas na categoria de 12 a 14 anos, realizada em Poços de Caldas (MG) e 2.854 atletas entre 15 e 17 anos, cuja competição aconteceu em João Pessoa (PB). No total, 18.650 escolas (13.845 públicas e 4.815 privadas) participaram das Olimpíadas Escolares em 2008, sendo 1.623 na fase final. A competição envolveu um total de 1.869 municípios (33,6%). Já as Olimpíadas Universitárias 2008, realizada em Maceió, reuniram 2.766 alunos e 190 instituições de ensino superior dos 27 estados. "Vários dos participantes de hoje das Olimpíadas Escolares serão os futuros representantes do Brasil a partir de 2016 nos campeonatos mundiais e nos Jogos Olímpicos. Este projeto foi apresentado recentemente na Malásia, durante um congresso do Comitê Olímpico Internacional, e foi considerado inédito em todo o mundo", revelou Edgar Hubner.

fonte: http://www.finalsports.com.br/03/comando/headline.php?n_id=90427&u=0\



Bom, como relatei acima, algumas reflexões são necessárias. Primeiramente devemos (re)lembrar (até por que algumas pessoas pensam que sou assim...) que a promoção da prática esportiva é extremamente importante na escola, assim como os jogos estudantis, porem, esses eventos devem levar em consideração o espaço escolar e os atores sociais envovidos, ou seja, a construção de um evento que apenas reproduz o esporte espetáculo e não respeita a diversidade dos alunos torna o esporte uma prática empobrecida.

O segundo questionamento está na fala dos dirigentes. O valor da Educação Física Escolar está diretamente ligado ao numero de atletas que supostamente revelaremos? Essa fala vai contra o ideal da Escola (quer dizer, se o ideal de igualdade ainda for pensado para esse espaço social...) Pensando na escola como um espaço plural, ou seja, meninos, meninas, jovens e adultos de origens sociais variadas, uma aula de Educação Física deve ser pensada para a inserção de todos na cultura corporal de movimento, se pensassemos em nossas aulas como um espaço de seleção de atletas estariamos mais uma vez reproduzindo a lógica da exclusão, tão recorrente em nosso cotidiano (Não devemos esquecer que a escola já é um espaço permeado de contradições que devem ser questionadas).


O grande problema está no sonho dos dirigentes retirarem um "peso" na formação de atletas dos clubes e federações e jogar essa "função" para a escola. Isso sem contar o fato da propria inserção dos jovens nas categorias de bases esportivas (incluo TODAS elas) estarem inseridas em processos bizarros, como abuso sexual de menores, trafico de influências, trabalho infantil (pensando que esses jovens atletas estão muitas vezes condenados a viver sem uma infância) entre outros crimes... È logico que essa ultima frase é dura, pois alguns dirigentes (em uma parcela muito, mas muuuuuuuuuito pequena) estão preocupados com a valorização da infância de meninos e meninas.

Em suma, a Escola deve (ou deveria) se preocupar com a formação humana de nosso alunos, de modo crítico, questionando as contradições de nossa sociedade... Lembrando esse lugar está longe de ser um espaço do consenso, onde todos concordam com tudo que o outro diz!!

E continuamos a pensar nos fragmentos do planeta Terra!!!!

Abraços!!